Terremotos: Turquia tenta se preparar para o Big One

24/03/2010 13:01

Dois grandes terremotos ocorridos por movimentos tectônicos distintos fizeram o começo de 2010 entrar para a história. Em dois meses, o mundo acompanhou atônito duas enormes tragédias. O abalo de 7 graus de magnitude no Haiti em 12 de janeiro foi provocado pelo deslizamento das placas Caribenha e Norte-Americana e deixou pelo menos 230 mil mortos. O terremoto de 8.8 graus do Chile em 27 de fevereiro foi o segundo mais forte do país e aconteceu com devido ao mergulho da placa de Nazca abaixo da placa Sul-Americana. Por sua localização, mais afastado da costa, o número de vítimas fatais foi inferior ao do Haiti, não ultrapassando mil pessoas.

O Haiti convive com inúmeros problemas decorrentes do terremoto de janeiro e o Chile vai precisar de pelo menos três anos para reconstruir as cidades mais atingidas.

Outras diversas partes do mundo vivem a mesma vulnerabilidade e a incerteza de quando um grande abalo irá acontecer. Algumas localizações são mais propensas a terremotos e esperam por eles. A falha de San Andreas, na Califórnia, é uma dessas zonas e aguarda ao que os estudiosos chamam de “Big One”, ou "O Maior".


Turquia
Concentrando grandes esforços para minimizar os danos de um intenso terremoto, a Turquia vem se preparando também para o seu “Big One”. O país está sobre a falha de Anatólia do Norte, uma região semelhante à falha de San Andreas e extremamente frágil. Ali, no último dia 8 de março, um terremoto moderado de 5,9 graus de magnitude no leste da Turquia deixou 51 mortos.

Istambul, capital européia do país, convive com contrastes, analisa Mustafa Erdik, diretor de um instituto de engenharia de terremotos da cidade. Erdik liderou um estudo onde mapeou uma situação na qual um terremoto poderia matar de 30 a 40 mil pessoas e ferir 120 mil.

Plano de Emergência
A equipe de Erdik e pesquisadores de três outras universidades da Turquia elaboraram um plano mestre para terremotos colocando Istambul entre as cidades do mundo que estão tentando se antecipar ao risco. Uma exceção ao lado de cidades mais ricas como Los Angeles e Tóquio.

Na prática são códigos de construção mais rígidos, seguro obrigatório contra terremoto e empréstimos de bancos de desenvolvimento internacionais para reforço ou substituição de escolas e outros prédios públicos. Em bairros pobres, também há um trabalho com o treinamento de dezenas de equipes de voluntários em bairros pobres, a entrega de kits de primeiro socorros e equipamentos como rádios e pés-de-cabra.

Na previsão de um grande terremoto no país, 30 mil linhas de gás natural provavelmente vão se romper gerando mais de 3 mil focos de incêndio, alerta Mahmut Bas, que lidera o Departamento de Terremoto e Análise do Solo de Istambul. Ainda assim, os esforços em manter em pé postos do corpo de bombeiros, hospitais e escolas são prioridade nos planos emergenciais do país.

 

Fotos: No topo, vista panorâmica da cidade de Istambul, às margens do Estreito de Bósforo, principal ligação entre a Àsia e a Europa. Acima, gráfico comparativo mostra a semelhança entre as falhas de Anatólia do Norte e falha de San Andreas, na costa da Califórnia. Os valores apresentados indicam a movimentação relativa anual entre as falhas. Créditos: Wikimedia Commons/USGS/Apolo11.com.

 

Fonte: Apolo11 - https://www.apolo11.com/terremotos_globais.php?posic=dat_20100309-184831.inc